Um líquido atinge seu ponto de ebulição (PE) quando a temperatura a que ele é submetido é suficiente para que sua pressão máxima de vapor iguale-se à pressão atmosférica que está sobre a superfície do líquido. Nessa situação, o vapor consegue sair e subir para a atmosfera.
Se o líquido for submetido a pressões atmosféricas diferentes (lugares com altitudes diferentes), o ponto de ebulição sofrerá alteração. Quanto maior for a pressão atmosférica, maior deverá ser a pressão máxima de vapor, o que resultará em aumento do ponto de ebulição. O contrário também é verdadeiro: quanto menor for a pressão atmosférica, menor será a pressão máxima de vapor, o que resultará em um ponto de ebulição menor.
A tabela a seguir traz a variação do ponto de ebulição da água em regiões com diferentes altitudes (pressões atmosféricas diferentes):
Local |
PE da Água |
Monte Everest (acima do nível do mar) |
71 oC |
Rio de janeiro (nível do mar) |
100 oC |
Região do Mar Morto (abaixo do nível do mar) |
Acima de 100 oC |
Dentro de uma panela de pressão (alta pressão interna, maior que ao nível do mar) |
Em torno de 120 oC |
O Monte Everest é o local onde a água apresenta o menor ponto de ebulição
Se adicionarmos um soluto não volátil a um determinado solvente, como o sal na água, o resultado será uma consequente alteração de seu ponto de ebulição, já que a pressão máxima de vapor do solvente mudará (sofrerá uma diminuição). A presença do soluto é um fator que dificulta a vaporização do solvente, exigindo assim um maior aquecimento para que a vaporização aconteça.
Sendo assim, se colocarmos sal na água que está cozinhando uma porção de batatas, o ponto de ebulição sofrerá um aumento, fazendo com que as batatas sejam cozinhadas em uma temperatura maior, o que consequentemente acelerará o cozimento.
O cálculo do valor do ponto de ebulição (cálculo ebulioscópico) de um solvente após a adição de um soluto não volátil é feito por meio da ebuliometria, que é a propriedade coligativa que estuda o aumento do ponto de ebulição. Assim sendo, o cálculo ebulioscópico revela o quanto o ponto de ebulição de um solvente na solução aumentou.
A ebuliometria, assim como a criometria, é regida pela lei do francês François M. Raoult:
“O cálculo ebulioscópico deve-se à elevação ebulioscópica do ponto de ebulição, que, por sua vez, é dada pela diferença entre o ponto de ebulição do solvente em uma solução pelo seu próprio ponto de ebulição”
A fórmula que traduz essa lei (cálculo ebulioscópico) é:
Δte = t – t2
-
Δte = variação da temperatura de ebulição ou elevação do ponto de ebulição sofrida pelo solvente;
-
t = temperatura de ebulição do solvente na solução;
-
t2 = temperatura de ebulição do solvente.
Segundo Raoult, o Δte é diretamente proporcional à molalidade (W), da seguinte forma:
Δte =Ke .W
— A molalidade pode ser calculada pela fórmula:
W = m1
M1.m2
-
m1 = massa do soluto;
-
m2 = massa do solvente;
-
M1 = massa molar do soluto.
— O Ke (constante ebulioscópica) é regido pela seguinte fórmula:
Ke = R.T2
1000.Lv
-
R = constante geral dos gases;
-
T = temperatura de ebulição do solvente;
-
Lv = calor latente de vaporização.
Caso o solvente tenha recebido um soluto não volátil iônico, é necessário utilizar o fator de correção de Van't Hoff na fórmula da ebuliometria:
Δte =Ke .W.i
— O fator de correção pode ser calculado pela seguinte fórmula:
i = 1 + α.(q-1)
-
α = grau de ionização;
-
q = número de cátions e ânions na fórmula da substância.
Veja alguns exemplos de aplicação das fórmulas do cálculo ebulioscópico ebulioscópico:
(UFES) Uma massa de 171g de um composto molecular desconhecido é adicionada a 250g de água. O cálculo ebulioscópico da solução resultante gerou uma temperatura de ebulição de 101°C, a 1 atm. Sabendo-se que a constante de ebulioscopia da água é 0,5°C/molal, pode-se concluir que o composto desconhecido possui massa molar igual a quanto?
Dados do exercício
m1 = 171g
m2 = 250g ou 0,25 Kg
t = 101 oC
Ke = 0,5
Observação: a temperatura de ebulição da água é de 100 oC.
Como a molalidade não foi dada e o exercício pede a massa molecular, vamos condensar a fórmula da molalidade na fórmula do cálculo ebulioscópico:
Δte = Ke.W |
W = m1 |
t-t2 = Ke.m1
M1.m2
101- 100 = 0,5.171
M1.0,25
1.M1.0,25 =0,5.171
M1.0,25 = 85,5
M1 = 85,5
0,25
M1 = 342 g/ mol
(UEL) Uma solução aquosa de glicose apresenta concentração 0,50 molal. Qual é a elevação do ponto de ebulição da água, em °C. Dado: Constante de ebulioscopia molal da água = 0,52°C/molal.
Dados do exercício:
W = 0,5 molal
Δte = ?
Ke = 0,52
Basta aplicar na fórmula do Δte:
Δte = Ke.W
Δte = 0,52.0,5
Δte = 0,26 oC
(PUC-PR) Uma solução de 16g de brometo de cálcio (CaBr2) em 800g de água eleva de 0,13°C o ponto de ebulição dessa solução (Ke = 0,52). O grau de dissociação do brometo de cálcio é: (Dados: M do CaBr2 = 200 g/mol)
Dados do exercício
m1 = 16g
m2 = 800g ou 0,8 Kg
Δte = 0,13 oC
Ke = 0,52
Como o exercício pede o alfa, inicialmente vamos achar o i pela fórmula da ebulioscopia com o fator de Van't Hoff:
Δte = Ke.m1 .i
M1.m2
0,13 = 0,52.16.i
200.0,8
0,13. 200.0,8 = 0,52.16.i
20,8 = 8,32.i
i = 20,8
8,32
i = 2,5
Para finalizar, utilizaremos a fórmula do fator de Van't Hoff:
i = 1+ α.(q-1)
2,5 = 1+ α .(3-1)
2,5-1 = 2 α
1,5 = α
2
α = 0,75 ou 75 %
Por Me. Diogo Lopes Dias